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Coronavírus em animais de produção

Os acontecimentos dos últimos meses estão impactando a vida de praticamente todas as pessoas do planeta. A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem se espalhado rapidamente por vários países, e já é considerada uma das pandemias mais graves da história recente.

Ações radicais como o isolamento social e a quarentena, deflagradas com o objetivo de conter o avanço da doença, produzirão reflexos duradouros na economia e na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Os primeiros relatos de contaminação em pets despertaram a atenção dos tutores, preocupados com a possibilidade de transmissão da doença de humanos para pets e vice-versa. Para moradores das áreas rurais, esta preocupação é ainda maior, devido ao contato mais frequente com animais de produção, como bovinos, equinos e suínos.

Aspectos da infecção de cães e gatos pelo novo coronavírus têm sido estudados por um grande número de pesquisadores, e acabaram ganhando destaque maior na mídia. Portanto, vou me concentrar nas características relacionadas à doença em animais de produção, criados em fazendas.

 

A origem do vírus

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias, e infectam tanto os humanos quanto outros animais. Um dos primeiros casos de coronavírus em humanos foi descrito em 1967. Trata-se do HCoV-OC4, um coronavírus que partiu dos roedores como hospedeiros naturais, passou para os bovinos e chegou ao homem. O hospedeiro natural do SARS-CoV-2, agente causador da Covid-19, é o morcego, e tudo indica que chegou aos humanos usando o pangolim como hospedeiro intermediário.

Os cientistas monitoram com atenção um terceiro coronavírus, batizado de SADS-CoV, que surgiu inicialmente no morcego e infecta os porcos. Fortes evidências indicam que a probabilidade deste vírus infectar as pessoas é alta, o que tem despertado a atenção de especialistas em doenças emergentes humanas pelo mundo. E não há absolutamente nada que possamos fazer para evitar uma possível pandemia causada pelo SADS-CoV. As ações efetivas devem ser tomadas pelas autoridades sanitárias da China, país de origem dos coronavírus que causaram as pandemias das últimas décadas.

 

Avaliando o risco de animais de produção contraírem Covid-19

A biologia não é uma ciência exata. Uma pergunta pode ter várias respostas, com probabilidades diferentes de acerto. Existem basicamente três métodos usados pelos pesquisadores para avaliar o risco de um animal contrair um determinado vírus. O teste in vitro, ou seja, experimento realizado em laboratório, fora do organismo animal; a simulação por computador; e a inoculação experimental, quando o animal é infectado com o vírus em ambiente controlado.

Segundo o Prof. Dr. Hélio Autran de Moraes, da Oregon State University, estudos recentes indicam, com determinado grau de certeza, que é improvável que equinos, patos e galinhas possam se infectar com o SARS-CoV-2, mas bovinos, suínos e ovinos podem sim hospedar o vírus. Mas é importante entender que infecção é diferente de transmissão. É provável que uma vaca seja infectada pelo coronavírus, mas as chances de transmissão para pessoas é praticamente zero.

 

Conhecimento é a melhor arma no combate à pandemia

O primeiro passo para evitar o problema é conhecê-lo, e quando se trata de assuntos tão complexos, o desafio é enorme. Estamos sujeitos a uma enxurrada de dados, e na maioria das vezes, quando analisados com profundidade, se mostram falsos ou nitidamente manipulados de maneira inescrupulosa por motivos políticos ou até mesmo financeiros. Para entender melhor um evento da magnitude desta pandemia causada pelo novo coronavírus, temos que ter um olho na ciência e outro na política, procurar informação em fontes confiáveis e manter contato com profissionais da linha de frente, pesquisadores, veterinários e médicos.

No caso do Covid-19, medidas que evitam a transmissão são importantes para que o vírus se espalhe de maneira rápida, o que levaria a uma sobrecarga do sistema de saúde.Sabemos que o vírus se propaga por gotículas de água produzidas pela respiração, o que justifica o uso de máscaras, adoção de medidas de higiene mais rigorosas, como lavar as mãos, o uso de álcool gel, entre outras medidas já bastante divulgadas pelos órgãos de saúde.

Não há, até o momento, nenhum motivo para que as pessoas que trabalham em fazendas, lidando com vacas, cavalos ou porcos, adote qualquer medida semelhante àquelas que adotamos para evitar a transmissão do coronavírus entre pessoas. Boas práticas no manejo de animais ajudam a manter a boa saúde da criação e contribuem para prevenir várias doenças. Ambiente limpo, água pura e alimentação balanceada. Comedouros, bebedouros e sistemas de alimentação automáticos devidamente higienizados. E para completar, visitas periódicas de um veterinário capacitado. Eu acredito que, se estas ações tivessem sido implementadas na China, teriam evitado centenas de milhares de mortes.

 

Veja mais…

Saúde Única e a pandemia da COVID-19 causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. Fatos e Mitos em Animais Domésticos. Saúde Única Brasil. Webinar Series (Edição II). Prof. Dr. Helio Autran de Morais (Oregon State University).

 

 

foto: Projeto criado por freepik

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